FACULDADE TEOLÓGICA BATISTA DE SÃO PAULO
APOSTILA DE CRITICISMO BÍBLICO
UNIDADE UM - INTRODUÇÃO À BÍBLIA
HISTÓRIA DA IGREJA
Os vinte e oito capítulos do livro de Atos contém o único registro autêntico
do
fenomenal avanço do cristianismo, após a ascensão de Jesus Cristo. É
chamado
Atos dos Apóstolos, mas poderia muito bem ser denominado *Atos do
Espírito
Santo*, pois a mão do Espírito de Deus está presente por todo o
livro
de forma vital.
Foi escrito por Lucas,
um médico grego, e revela uma meticulosidade
acadêmica.
Há tantos nomes geográficos citados nele, que muitos céticos se
dispuseram
a provar que tal relato era falso, visitando estes lugares, mas
acabaram
vencidos por sua meticulosa exatidão.
EPÍSTOLAS PAULINAS
O maior grupo de livros do Novo Testamento é o
das treze epístolas paulinas.
Cada uma delas foi
escrita para determinada pessoa ou igreja, com um
objetivo
definido. Paulo, o apóstolo que chamou a si mesmo de *um abortivo*,
foi
o missionário intrépido da Igreja primitiva, que conseguiu mais vitórias
para
o cristianismo que qualquer outro nome mencionado nos registros da
Igreja.
Sua dramática conversão é uma ilustração clássica do poder de Cristo
para
modificar vidas, pois transformou um fariseu que odiava os cristãos
em
um cristão que servia a Jesus. Quase todos os
problemas do cristão são
abordados em suas cartas.
CARTAS GERAIS
As cartas gerais são assim chamadas, porque foram escritas
individualmente,
para atender a um problema específico,
ou dirigidas a algum grupo não
alcançado por Paulo.
Elas abordam certas áreas de verdades gerais que são
muito
importantes para o povo de Deus em todas as épocas. Não cometamos o
engano
de pensar que, só porque não fazemos uma descrição individual de cada
livro,
não sejam eles importantes, pois, na verdade, estão virtualmente
cheios
de verdades divinas muito necessárias aos crentes de hoje.
LIVRO PROFÉTICO
O último livro da biblioteca de Deus é, apropriadamente,
a maior profecia da
Bíblia - o Apocalipse. É a
revelação do Senhor Jesus durante três estágios
da
História:
1) a era da Igreja;
2) a vinda da grande tribulação, que culmina
com a segunda vinda de Cristo;
3) a nova ordem de coisas, que consistirá
em mil anos de domínio do Reino de
Cristo, e a substituição desta terra por uma melhor e eterna,
que é
identificada como *novos céus e nova terra*.
Este livro, por muitos
considerado como o mais
interessante da Bíblia, é reconhecidamente o de mais
difícil
interpretação. Não devemos nos surpreender se não entendermos
muita
coisa após a primeira leitura; o livro de
Apocalipse tem que ser estudado
cuidadosamente,
à luz de muitas outras passagens das Escrituras. Entretanto,
há
nele muitos trechos que podemos entender, e dos quais podemos receber
inspiração
espiritual, razão suficiente para que o leiamos com freqüência.
Assim,
então, descrevemos de forma resumida a organização dessa biblioteca
divina,
do modo como se nos apresenta hoje. É uma biblioteca fascinante, de
recursos
inesgotáveis ! É o único livro que pode *tornar-nos sábios para a
salvação*
(II Timóteo 3:15).
1.4 DIFERENTES
ESTILOS DA BÍBLIA
1.4.1 - HISTÓRIA. A maior parte da Bíblia é relato histórico como vemos
em
grandes porções de Pentateuco,
bem como em livros essencialmente compostos
por
narrativas histórias (Crônicas, Reis , Atos, etc.). Os autores
recordaram
o plano de Deus em termos de eventos, lugares e pessoas. A fé
bíblica
é uma fé histórica tanto para o povo de Israel no VT (II Sam.
2:1-7),
como para a Igreja ( Luc. 1:1-5; 3:1-3).
1.4.2 - ENSINO (Sabedoria e Doutrina). São princípios e conceitos para
guardar e praticar. Ex.: Provérbios, Eclesiastes,
Cantares de Salomão,
Mateus 5-7, Romanos, etc.
Às vezes as parábolas, alegorias e ilustrações
e/ou
histórias morais são utilizadas para melhor ensinar os conceitos
bíblicos.
Confira em Mateus 13 e Lucas 10-14.
1.4.3 - POÉTICO. Uma expressão do eu lírico do autor, manifestando
o seu estado de espírito. Muitas vezes este estilo adota uma linguagem
figurativa e uma estrutura repetitiva (paralelismo). Ex.: Salmos,
II Sam. 22:2-51; Lucas 1:46-55.
1.4.4 - PROFÉTICO.
Uma mensagem
ou pregação divina ao Povo de Deus. O
conteúdo
é principalmente relacionado à natureza e ao caráter de Deus
Glória,
Justiça e Santidade de Deus), e uma previsão da ação de Deus
(profecias
sobre o futuro do povo - julgamento
e esperança). Ex. Isaías
1:1-4,
cap. 10-20; cap. 65:17-25; Daniel 2, 7, 9 - 12; Mateus 24, 25 e
Apocalipse
4-22. O estilo profético é o mais difícil de interpretar por
causa
do simbolismo complexo e também devido à revelação progressiva do
plano
de Deus.
1.5 A LINGUAGEM FIGURADA
E AS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS DA BÍBLIA
·
Hipocatástase - comparação em que a semelhança é indicada diretamente
*Cães
me cercam** Sl. 22:16).
· Símile - comparação
em que uma coisa lembra a outra e usualmente utiliza-se expressões
*como, assim como, tal qual, etc.* ( *Ele é como a árvore plantada**
Sl. 1:3).
· Metáfora - comparação
em que um elemento representa o outro . ( *Eu sou o pão da vida**Jo.
6:48; *Vós sois o sal da terra** Mat. 5:13).
·
Metonímia - consiste em substituir uma palavra por outra que
com ela
apresenta relação lógica e constante (*A
língua dos sábios é medicina* Prov.
12:18 è língua
refere-se às palavras certas e encorajadoras).
· Sinédoque - é a substituição
da idéia mais ampla por uma palavra de
significado menos abrangente, mas que mantém com
a primeira uma relação de
significado, ou seja,
a parte substitui o todo.( *Os seus pés correm para
fazer o mal* * Prov. 1:16).
·
Personificação - atribuição de características ou ações humanas
a
objetos
inanimados ou a animais. (*O
deserto e a terra se alegrarão**Is. 55:12).
·
Antropomorfismo - atribuição de características ou ações humanas
a
Deus
por falta de um termo ou linguagem
mais adequada. (*Sobre Edom lançarei o
meu sapato**
Sl. 60:8; *Deus limpará de seus olhos toda a lágrima**Apoc.
21:4).
·
Zoomorfismo - atribuição
de características de animais a Deus ou a um
ser
humano.
(*Sobre as suas asas estará seguro**Sl. 91:4).
·
Hipérbole - Afirmação
exagerada. (*Por que vês tu o argueiro no olho
de
teu
irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio olho? *Mat.
23:23-24).
·
Ironia - afirmar algo
utilizando exatamente expressões com o sentido
oposto;
ridicularizar indiretamente sob a forma de elogio.(*Sendo vós
sensatos**
II Cor. 11:19).
·
Oxímoro - combinação de
termos normalmente opostos ou
contraditórios.(*Sacrifícios
vivos* em Rom. 12:1).
·
Paradoxo - uma afirmação
absurda ou contrária ao bom senso. (*Quem
perder
a
sua vida por Amor de mim*salva-la-á* Marc. 8:35).
·
Paronomásia - jogo de
palavras ou trocadilhos onde as mesmas palavras
ou
termos
possuem sons semelhantes e são usados para significar sentidos
diferentes.
(*Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos* Mat.
8:22).
·
Eufemismo - substituição
de uma expressão desagradável ou injuriosa
por
outra
suave ou inócua. (*adormecidos* è falecidos em At. 7:60 e I Tess.
4:13-15
·
Antítese - colocação de
idéias opostas, porém paralelas numa relação
de
tensão
constante. (Os filhos de Deus e os filhos do Diabo * em I Jo.
3:9-10).
A
noção de que a Bíblia é um livro simples deve ser substituída pela idéia
que
ela é desafiadora pois engloba uma pluralidade de autores, pluralidade
de
contextos, pluralidade de estilos, produzida em várias línguas, etc*
mas
preserva uma unidade na sua Mensagem Básica:
o mistério que esteve oculto
agora é revelado è
o Amor redentor de Deus pelo homem.
2.1 - REVELAÇÃO
É o processo ou meio pelo qual Deus permite ser conhecido.
Deus se revelou
e ainda nos fala de muitas
maneiras:
2.1.1 - A Criação - uma testemunha do Criador è Sl. 19:1-4 e Rom. 1:18-25.
2.1.2 - O Homem - O homem foi feito à imagem e
semelhança de
Deus è Gn.
1:26,
27.
2.1.3 - A consciência humana - um alarme interno
com o senso de Justiça
(atributo de Deus) Rom.
2:12-15
.
2.1.4 - A História humana - Deus é um ser que
intervém na história com o fim
de se revelar pelos
seus atos. Ex.: a História de Israel, a História
Universal
e a
história pessoal.
2.1.5 - A Lógica e o raciocínio (Filosofia) - Prov. 4:5-13 *O caminho
da
Sabedoria*.
2.1.6 - As Escrituras - a autoridade como Palavra de Deus:
·
Êxodo
19:9, 24:3
h
Marcos 7:9, 13; 13:31
·
Deut. 4:2; 6:6-9; 8:3
h
Lucas 16:17; 24:32,45
·
Josué 3:9
h
João 10:34-36
·
Sl.
1:1-3; 19:7-11; 119:11,105
h
Romanos 3:1, 2; 10:17
·
Provérbios
30:5, 6
h
Efésios 3:3-5
·
Isaías 34:16; 40:8
h
I Tessalonicenses 2:13
·
Jeremias
13:15; 15:16
h
II
Timóteo 3:16,17
·
Ezequiel 3:3,10
h
II Pedro 1:20, 21; 3:1, 2
·
Habacuque 2:2
h
Judas 17
·
Zacarias 7:7-9
h
Apocalipse 22:18, 19
2.1.7 - JESUS CRISTO - *O Verbo * se fez carne; a mensagem era uma pessoa.
Cristo
é o clímax da revelação de Deus, a plenitude da Divindade - Jo.
1:1-4,
14; Hb. 1:1-3
2.1.8 - O ESPÍRITO SANTO - Muitas vezes o Espírito Santo nos fala
indiretamente
através dos outros meios de comunicação. Outras vezes, O
Espírito
pode nos falar diretamente ao nosso coração e mente. Ex.: Lc.
12:12;
Jo. 14:26; 16:8-13; At. 1:16; I Cor. 2:10-14; Hb. 3:7,8; I Pe. 1:12;
II
Pe. 1:21.
2.1.9 -
Os irmãos de nossa igreja
(dons espirituais) - At. 9:8-19; 10:9-48;
21:10,11;
I Co. 12:8-11
2.1.10 - As circunstâncias - Gênesis
37 - 50 (especialmente Gn. 50:20) e Rm.
1:13
2.1.11
- Os incrédulos - Deus pode usar até pessoas pagãs para nos dar o seu
recado
(Ex.: a ordem de Ciro para os exilados judeus na Babilônia retornarem
à
Jerusalém).
2.2 - A INSPIRAÇÃO
2.2.1 - DEFINIÇÃO: *foi o processo misterioso em que Deus manifestou-se
a
homens escolhidos e como resultado, eles escreveram
exatamente o que Deus
queria; nem mais nem menos.*
- Ted Limpic, De Onde Veio a Bíblia?, p. 9,10.
Versículo chave para o conceito de Inspiração è II Tim. 3:16
Quase
todos os crentes concordam que a Bíblia é *inspirada* por Deus; eles
concordam
em sua maioria que a Bíblia é a Palavra de Deus. Mas existem
diferenças
de opiniões quanto à maneira em que ela foi inspirada. A dúvida é
O
QUE foi inspirado: o coração, a mente, a memória, o vocabulário, as
traduções
que temos hoje, etc.?
2.2.2 - CONCEITOS INADEQUADOS SOBRE A INSPIRAÇÃO
DAS ESCRITURAS
a. Teoria dinâmica: os escritores receberam as idéias do Espírito
Santo,
mas
são eles os responsáveis pelo texto bíblico. Isto explicaria estilos
diferentes,
contradições aparentes, citações imprecisas do A.T.,
etc. Esta
maneira de resolver tais dificuldades
é falha por duas razões: uma é
lingüística, a outra
é teológica. Quanto à primeira, não há idéias sem a
verbalização.
O homem só adquire um conceito compreensível quando este é
explicitado
em palavras. Logo, dizer que o Espírito Santo deu as idéias e os
escritores
as vestiram de palavras é absurdo! A segunda razão é que o
conceito
de que a contribuição do Espírito Santo é reduzida a idéias
nebulosas
torna as Escrituras um livro eminentemente humano. Seu elemento
divino
é escondido, para não dizer perdido.
b. Teoria da testemunha: Deus agiu e os homens refletiram sobre o
evento.
Assim
como a primeira, esta teoria torna a Bíblia mais um livro humano. Deus
agiu
e o texto bíblico seria apenas o produto da reflexão humana sobre o
ato
de Deus. Nem as idéias, nem as palavras são
dadas pelo Espírito. Deus age,
mas não fala. O
homem é quem interpreta as atitudes de Deus. Ficamos assim
com
um livro no qual não há garantias de que as interpretações humanas
estejam
certas, muito menos que elas correspondam às intenções divinas. As
Escrituras
tornam-se uma obra totalmente humana, embora acredite-se que Deus
a
tenha escolhido para se revelar aos homens.
c. As Escrituras foram ditadas pelo Espírito Santo: Há quem pense que
as
Escrituras
foram ditadas aos autores de uma forma semelhante a uma
psicografia,
limitando o elemento humano ao registro dos pecados relatados
no
texto bíblico. Mais absurda é a atitude dos que acusam os que defendem
a
idéia de que os autores foram simples instrumento
( como uma caneta ou
apenas um gravador) nas mãos
de Deus, sem nenhuma contribuição individual ou
humana.
Maiores informações em STURZ, R. *A Palavra que prende e Liberta*
(Vox
Scripturae, São Paulo: Ed. Vida Nova, 1991) p. 8
2.2.3 - A INSPIRAÇÃO PLENÁRIO-VERBAL
a)Definição:
há
três aspectos a considerar:
è Inspiração - J e o p n e u s t o s à *Deus soprou* - significa
a
presença
ativa e poderosa de Deus (Gn.
1:3; 2:7)
è Plenário - p l e r o m a
àplenitude,
plenamente - toda parte das
Escrituras foi inspirada
por Deus ( II Tim. 3:16).
è Verbal - l o g o s à Verbo, a palavra - todas as palavras
e
relacionamentos sintáticos são inspirados por
Deus. O enfoque da Inspiração
acha-se nas palavras
do texto bíblico em sua composição original.
b) A Base Central da Inspiração:
é o testemunho de Jesus Cristo. Ele
tinha
total
convicção de que as palavras das Escrituras foram dadas por Deus .
Confira
nas passagens de Mt. 5:18; 19:4,5 com Gn. 2:24; Lc. 16:17; 24:25-27;
Jo.
10:35.
c) A Natureza da Inspiração
Verbal - Quando afirmamos que a Bíblia é a
Palavra
de Deus, verbal e plenamente inspirada pelo Espírito Santo, estamos
afirmando
que tal inspiração alcança todas as partes da Bíblia (desde Gn. 1
até
Ap. 22), conforme foram escritas nos seus originais. Isso quer dizer
que
as idéias a serem escritas foram suscitadas
pelo Espírito já verbalizadas no
estilo e linguagem
dos próprios escritores bíblicos em sua individualidade.
Para
se evitar a idéia da psicografia e do relativismo, devemos entender
que
quando o Espírito ajudou os autores a verbalizar
a revelação, Ele respeitou
a realidade dos autores
(cultura, vocabulário, estilo, etc.). Também
entendemos
que o Espírito Santo
guardou os autores do erro ao mesmo tempo
que
lhes permitia a expressão individual.
Sobre a teoria
da Inspiração Plenário-Verbal, conforme Rennie (I.S.
RENNIE,
*Inspiração Verbal*
- Enciclopédia
Histórico-Teológica da Igreja
Cristã, São Paulo:
Ed. Vida Nova, 1990. Vol. II, p. 335), deve-se considerar
vários
aspectos. Deus é o autor da Bíblia no sentido de ser a sua causa
formal.
O enfoque da Inspiração acha-se nas palavras da Bíblia, ou seja
dirige-se
para o texto mais do que para o autor. Palavras e relacionamentos
sintáticos
inspirados por Deus é o conceito que abrange todas as declarações
bíblicas,
tanto aquelas que são centrais como aquelas que parecem ser
periféricas.
Todas têm relevância na totalidade das Escrituras. Até mesmo
relatos
conhecidos de antemão pelos autores, provenientes de outras fontes,
são
inspirados da mesma maneira para a inclusão no texto sagrado. Assim
a
totalidade das Escrituras compartilha da inspiração
verbal uniforme. Os
dados da Bíblia são reivindicados
como a origem da teoria - não os dados no
sentido
dos fenômenos, mas sim o ensino da Bíblia a respeito de sua própria
natureza.
Desta maneira, a sua Inspiração é afirmada como indutiva, embora a
dedução
passe então, a ser operante para declarar pormenorizadamente a
pressuposição
de quais devem ser as conseqüências de uma inspiração soprada
por
Deus e transmitida pelo Espírito. Não está envolvido o processo de
ditado;
não há, portanto, violação alguma da personalidade do escritor. Deus
já
tinha preparado os autores, de modo soberano e concursivo, para a tarefa
instrumental,
de maneira que registrassem de boa vontade e espontaneamente a
revelação
de Deus da forma como Ele requeria. Assim, pode-se descrever a
Bíblia
como totalmente da parte de Deus e totalmente da parte do homem. O
mistério
da natureza da Bíblia é paralelo (senão originado) do mistério das
duas
naturezas de Jesus è 100% homem + 100% Deus = Cristo ( duas naturezas
plenas
numa só pessoa). Entender isto é um exercício de fé que antecede a
razão,
e uma vez exercida a fé, a razão humana consegue entender e aceitar
a
idéia (conceito *fé versus razão*, de santo Agostinho).
Convém ressaltar que
apenas os autógrafos originais
dos livros bíblicos são assim inspirados. A
inerrância
é a qualidade da Bíblia; ela fala com exatidão sobre todas as
questões,
a não ser quando, obviamente, tenha havido conformação da parte de
Deus
quanto às limitações do autor. Das Escrituras flui autoridade sobre
todas
as questões em que ela toca, garantindo que o ensino divino seja
comunicado
quanto a todas as áreas pertinentes à fé e ao viver do servo de
Deus.
d) Implicação da Inspiração: a Inerr5:1ância. A inerrância é o ponto
de
vista
em que, quando todos os fatos
forem conhecidos, demonstrarão que a Bíblia,
nos
seus autógrafos originais e corretamente interpretada, é inteiramente
verdadeira
em tudo quanto afirma, quer no tocante à doutrina e à Ética, quer
no
tocante às ciências sociais, físicas ou biológicas (ver P.D. FEINBERG,*
Bíblia,
Inerrância e Infalibilidade* - Enciclopédia Histórico-Teológica da
Igreja
Cristã, São Paulo: Ed. Vida Nova, 1990, vol. I, p. 180.)
e) Enfrentando as Dificuldades
da Bíblia. O fato de se aceitar a
inerrância
das
Escrituras não deve produzir uma atitude de acomodação intelectual
quanto
às dificuldades que a Bíblia apresenta. Pelo contrário, deve-se
encará-las
como desafios à doutrina da Infalibilidade que devem ser
vencidos.
Em seu livro Merece Confiança o Velho Testamento, Gleason Archer
apresenta
dois métodos para se enfrentar as dificuldades ocasionais que
encontramos
nas Escrituras. Primeiro: é possível conservar reservas quanto
às
reivindicações da própria Bíblia no que diz respeito à sua
infalibilidade,
até que cada dificuldade seja esclarecida. Cada vez que
surge
uma nova dificuldade, a Bíblia é degradada a uma situação de suspeita,
até
que o assunto possa ser esclarecido de maneira satisfatória. Neste
ínterim,
o crente fica ansioso, em doloroso suspense e angústia, até que,
mais
uma vez, a Bíblia seja inocentada da acusação feita. Segundo: é
igualmente
possível, mesmo quando confrontado por aquilo que parece ser uma
discrepância,
conservar a fé na infalibilidade do registro bíblico,
esperando
com paciência a vindicação que investigações posteriores não
deixarão
dúvidas. O crente, convicto de que só a origem divina explica o
fenômeno
das Escrituras, toma a posição ao lado de Jesus Cristo, ao crer na
infalibilidade
da Palavra de Deus escrita, e espera confiantemente num
esclarecimento
final de todos os problemas que possam surgir em sua
pesquisa.
Acredita-se que uma pessoa é inocente até que provem a sua culpa*
o
mesmo se aplica às Escrituras, ou seja, a priori, a Bíblia é infalível
até
que se prove o contrário. Pelos estudos feitos
por especialistas, o que se
tem notado é justamente
o contrário: a Bíblia é exata em todas as
informações
que nos apresenta (ver o livro de W. KELLER, E a Bíblia tinha
razão.).
UNIDADE TRÊS - A SELEÇÃO DA BÍBLIA (O CÂNON)
Uma pergunta muito importante
a fazer é: *Todas as Bíblias são iguais?* As
Bíblias
dos católicos e judeus são iguais à nossa Bíblia usada nas igrejas
evangélicas
ou protestantes? Como sabemos que os livros que nós temos na
Bíblia
são aqueles que deveriam realmente estar nela? Todas estas indagações
são
pertinentes à questão do Cânon.
3.1 - DEFINIÇÃO = A palavra *CÂNON* é derivada da palavra grega * kanon
*
e a palavra hebraica * geneh * ), que significava
*vara reta, beira reta,
régua*. Com o tempo, *Cânon*
tornou a significar aquelas obras oficialmente
aceitas
pela igreja como a verdadeira Palavra de Deus; livros que se
conformam
com as regras da Inspiração. Nesse sentido, é importante dizer que
a
igreja não formou o Cânon. A igreja apenas oficialmente reconheceu que
os
livros foram inspirados e * aprovados * por
Deus.
3.2 - OS CRITÉRIOS DO CÂNON = Os livros escolhidos não foram reunidos
por
decisão de um indivíduo ou de uma instituição
conforme seus próprios
interesses. E também a escolha
não aconteceu num só momento e muito menos o
processo
de formação do Cânon não abordou os livros em conjunto. Foi um
processo
demorado em que cada livro foi analisado conforme critérios
fundamentais
que ainda hoje valem para nossa pesquisa de textos antigos
considerados
*inspirados*. Os critérios são:
3.2.1 - A obra tem autoridade ou foi autorizado
por Deus? - As Escrituras
freqüentemente usam
Você Sabia que a Biblia...
O nome "Bíblia" vem do grego "Biblos",
nome da casca de um papiro do século XI a.C.. Os primeiros
a usar a palavra "Bíblia" para designar as Escrituras
Sagradas foram os discípulos do Cristo, no século II
d.C.;
Ao comparar as diferentes cópias do texto da Bíblia
entre si e com os originais disponíveis, menos de 1% do texto
apresentou dúvidas ou variações, portanto, 99%
do texto da Bíblia é puro. Vale lembrar que o mesmo
método (crítica textual) é usado para avaliar
outros documentos históricos, como a Ilíada de Homero,
por exemplo;
É o livro mais vendido do mundo. Estima-se que foram vendidos
11 milhões de exemplares na versão integral, 12 milhões
de Novos Testamentos e ainda 400 milhões de brochuras com extratos
dos textos originais; Foi a primeira obra impressa por Gutenberg,
em seu recém inventado prelo manual, que dispensava as cópias
manuscritas;
A divisão em capítulos foi introduzida pelo professor
universitário parisiense Stephen Langton, em 1227, que viria
a ser eleito bispo de Cantuária pouco tempo depois. A divisão
em versículos foi introduzida em 1551, pelo impressor parisiense
Robert Stephanus. Ambas as divisões tinham por objetivo facilitar
a consulta e as citações bíblicas, e foi aceita
por todos, incluindo os judeus;
Foi escrita e reproduzida em diversos materiais, de acordo com a
época e cultura das regiões, utilizando tábuas
de barro, peles, papiro e até mesmo cacos de cerâmica;
Com exceção de alguns textos do livro de Ester e de
Daniel, os textos originais do Antigo Testamento foram escritos em
hebraico, uma língua da família das línguas semíticas,
caracterizada pela predominância de consoantes;
A palavra "Hebraico" vem de "Hebrom", região
de Canaã que foi habitada pelo patriarca Abraão em sua
peregrinação, vindo da terra de Ur; Os 39 livros que
compõem o Antigo Testamento (sem a inclusão dos apócrifos)
estavam compilados desde cerca de 400 a.C., sendo aceitos pelo cânon
Judaico, e também pelos Protestantes, Católicos Ortodoxos,
Igreja Católica Russa, e parte da Igreja Católica tradicional;
A primeira Bíblia em português foi impressa em 1748.
A tradução foi feita a partir da Vulgata Latina e iniciou-se
com D. Diniz (1279-1325).
Fonte: http://iev.blogspot.com/
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